“Rua G, número 42,
Há muito não saíram”.
Cruzei o campo das camas
Dos santos que amaram,
Atrasado e comovido,
Enfrentando dilemas,
Tateando por olhos
E passos ligeiros,
No trajeto, o mistério,
As areias e os pedregulhos,
Reduzido ao irreparável,
Somando à minha contradição
Aquelas petúnias e rosas,
Entre coroas e aromas,
Podando meus espinhos.
Eu e minha circunstância
Tentando uma vocação
Para as separações,
Exclusivos na esperança
De resolver um adeus.
Não havia mais ninguém,
A não ser a lápide,
Certo som de passarinhos
E, entre os breves termos
Noticiando o inexprimível,
Aquele de quem fazia jus
Ao seu nome, para mim
Ali parado, grave e atento
Ao meu próprio silêncio,
Presente à ausência do poeta
Que já tendo enfrentando
Tantas lutas e incoerências,
Deixava para nós,
Órfãos de sua existência,
O mundo cheio de versos
Ainda por serem ditos.
Juliano Ferro
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